REF.: ATH5946
1ª/2014
A prática da oncologia vem sofrendo uma revolução na última década, tendo como protagonista e denominador comum os avanços tecnológicos na saúde. O conhecimento da biologia celular e, sobretudo, molecular do câncer, vem permitindo a identificação de alterações mais específicas das células malignas, as quais servem como base para diagnóstico molecular e a terapia-alvo, pilares da medicina personalizada. Do mesmo modo, a cirurgia robótica, com seu impacto na morbimortalidade operatória e pós-operatória, e a radioterapia contemporânea, como uma nova fronteira, proporcionam melhoras importantes na sobrevida e na qualidade de vida dos pacientes. Na verdade, o grande ganho para os pacientes com câncer vem e virá, cada vez mais, da integração de todas essas tecnologias promissoras, por meio da multidisciplinaridade - ao mesmo tempo tão aclamada, quanto árdua a ser conquistada. É fato que todo esse avanço vem acompanhado de uma avalanche de informações com milhares de artigos publicados em revistas respeitadas, além de novos dados e conceitos apresentados em dezenas de congressos e simpósios realizados anualmente. Para o profissional da área de oncologia estar atualizado não é só uma questão de opção, mas talvez de estratégia. É nesse contexto que tem havido uma segmentação da oncologia, com o surgimento de subespecialidades e subespecialistas nas áreas de tórax, mama, melanoma, etc. Equalizar conhecimento e linguagem é o grande desafio, e, talvez, uma das maneiras de se fazer isso seja em torno de temas específicos. É importante ressaltar que a segmentação da oncologia em subespecialidades acabou sendo topográfica e não tema-específico. Como resultado, zonas de intersecção de atuação podem surgir, nas quais o conhecimento especializado torna-se superficial ou genérico. Áreas que poderíamos chamar de cinzentas do conhecimento e do cuidado oncológico. Por outro lado, à medida que novas terapias emergem, temas mais básicos e conceituais como a imunologia, a biologia molecular e a terapia celular voltam a tona, trazendo a necessidade de atualização e compreensão constante do profissional da área de oncologia, sem que o mesmo tenha que recorrer a artigos científicos muito técnicos e de difícil digestão pelo não especialista. É nesse nicho de temas negligenciados, seja por existir um certo vácuo de conhecimento mais específico, ou por não fazerem parte da formação clássica dos profissionais - ambos fundamentais para a compreensão e exercício da oncologia contemporânea - que surge a Série Câncer. O objetivo é cobrir áreas negligenciadas pelos profissionais da oncologia, bem como equalizar o saber dentro das equipes multidisciplinares. Cada volume da Série tratará um tema específico, geralmente não coberto de forma aprofundada e crítica em manuais ou tratados de oncologia. Buscaremos sempre apresentar os temas de modo objetivo e com aplicabilidade na prática diária da oncologia. Para tal, profissionais de notório saber teórico e prático serão convidados para editar os volumes da Série. Esperamos que a leitura dos volumes desta Série seja útil aos profissionais das diversas áreas da oncologia e que o conhecimento adquirido possa, de alguma forma, ser aplicado para melhoria da sobrevida e qualidade de vida dos nossos pacientes - afinal de contas, nosso objetivo maior. Carlos Gil Moreira Ferreira